18.2. Estimativas de valor

Uma questão central com a depreciação é determinar como irá estimar o valor futuro do activo. Em comparação com as estimativas muitas vezes incertas a fazer no que toca à valorização dos bens, estamos aqui em terreno um pouco mais firme. A utilização de fontes listadas abaixo deve permitir de forma bastante directa estimar o valor futuro dos seus activos depreciados.

18.2.1. Esquemas de depreciação

Um esquema de depreciação é um modelo matemático de como um bem será desgastado ao longo do tempo. Para cada bem que sofre uma depreciação, terá de decidir sobre um esquema de amortização. Um ponto importante a ter em conta é que, para fins fiscais, precisará de depreciar os seus bens a uma determinada taxa. A isto chama-se depreciação fiscal. Para fins pessoais é livre de escolher o método que quiser. Esta é a depreciação contabilística. A maioria das pequenas empresas utiliza a mesma taxa para depreciação fiscal e contabilística. Isto de modo a haver menos diferença entre o seu rendimento líquido nas demonstrações financeiras e o seu rendimento tributável.

Esta secção apresenta três dos mais populares esquemas de depreciação: linear, geométrica e soma de dígitos. Para simplificar os exemplos, assumiremos que o valor residual do activo a depreciar é zero. Se optar por utilizar um valor residual, deixaria de depreciar o activo assim que o valor contabilístico líquido fosse igual ao valor residual.

  1. Depreciação linear - diminui o valor de um activo por um montante fixo cada período até que o valor líquido seja zero. Este é o cálculo mais simples, uma vez que se estima uma vida útil e simplesmente divide-se o custo igualmente ao longo dessa vida útil.

    Exemplo: comprou um computador por 1500€ e deseja amortizá-lo durante um período de 5 anos. Cada ano, o montante da depreciação é de 300€, levando aos seguintes cálculos:

    Tabela 18.1. Exemplo de depreciação linear

    Ano Depreciação Valor restante
    0 - 1500
    1 300 1200
    2 300 900
    3 300 600
    4 300 300
    5 300 0


  2. Depreciação geométrica depreciação por uma percentagem fixa do valor do activo no período anterior. Este é um esquema de depreciação ponderada, mais depreciação a aplicar no início do período. Neste esquema, o valor de um activo diminui deixando exponencialmente no final um valor superior a zero (ou seja, um valor de revenda).

    Exemplo: com o exemplo acima, com uma depreciação anual de 30%.

    Tabela 18.2. Exemplo de depreciação geométrica

    Ano Depreciação Valor restante
    0 - 1500
    1 450 1050
    2 315 735
    3 220.50 514.50
    4 154.35 360.15
    5 108.05 252.10


    Nota

    Cuidado: as autoridades fiscais podem exigir (ou permitir) uma percentagem maior no primeiro período. Por outro lado, no Canadá isto é invertido, uma vez que permitem apenas meia quota de custo de capital no primeiro ano. O resultado desta abordagem é que o activo diminui mais rapidamente no início do que no final, o que é provavelmente mais realista para a maioria dos bens do que um esquema linear. Isto é certamente verdade para automóveis.

  3. Soma de dígitos - é um esquema de desvalorização com ponderação frontal semelhante à depreciação geométrica, excepto que o valor do activo atinge zero no final do período. Trata-se de um esquema de amortização ponderada, sendo aplicada mais depreciação no início do período. Este método é mais frequentemente utilizado nos países anglo-saxónicos.

    Exemplo: primeiro divide-se o valor do activo pela soma dos anos de utilização, por exemplo, para o nosso exemplo acima, com um activo no valor de 1500€ que é utilizado durante um período de cinco anos, obtém 1500/(1+2+3+4+5)=100. A depreciação e o valor do activo são então calculados da seguinte forma:

    Tabela 18.3. Exemplo de depreciação por soma de dígitos

    Ano Depreciação Valor restante
    0 - 1500
    1 100*5=500 1000
    2 100*4=400 600
    3 100*3=300 300
    4 100*2=200 100
    5 100*1=100 0